“Se você vê a dança como uma forma de expressão, deveria experimentar o ballet contemporâneo”, convida Eva Schul, grande personalidade da dança no Brasil, hoje professora e coreógrafa. Nascida na Itália, viajou por diversos países e se aproximou da dança muito naturalmente. “Eu tinha apenas três anos de idade quando subia nos palcos montados para o Carnaval, no Uruguai, querendo dançar. Mas foi aos nove anos que, já morando no Brasil, iniciei as aulas de ballet”, conta.
Anos mais tarde, entre as décadas de 1960 e 1970, quando já era bailarina profissional em Nova York, Eva descobriu que sua real vocação era o ballet contemporâneo, um gênero da dança clássica que era novidade no Brasil, e que arrebatou seu coração.
Arte real
A nova paixão estava na essência. “Enquanto a dança clássica criou a fantasia do espetáculo, em que aquele que estava sobre o palco parecia um ser extraterreno, e que jamais alguém da plateia poderia se igualar a ele, a dança contemporânea revolucionou toda a maneira de se mover, pensando no corpo como algo natural e real, mostrando que qualquer um poderia ser bailarino também”, explica Eva.
Em sua interpretação, o corpo que dança se transforma em arte – e não somente em movimento natural e saudável – a partir do momento em que ele é veículo de um posicionamento, de uma filosofia. Assim, só será arte aquilo que transmitir algo que tenha importância no mundo: “Considero a dança contemporânea a essência daquilo que eu sou. É um retrato do modo que eu vivo, do mundo que me cerca, de como eu reajo a ele e como ele reage a mim”.
Naturalidade e expressão
O ballet contemporâneo é baseado em respiração, força da gravidade e movimentos orgânicos. Ou seja, naquilo que o corpo é naturalmente capaz de fazer. Essa linguagem também se tornou uma importante forma de expressão, fazendo do corpo um canal de transmissão de ideias, de conceitos e de sentimentos.
A roupa usada para dançar segue o mesmo conceito. Quanto mais natural e leve, e mais movimentos permitir, melhor será. E para os pés, segundo Eva, não é diferente: “Eu, particularmente, adoro dançar descalça, ou no máximo com uma meia, para ter a liberdade de sentir o chão que eu piso e a possibilidade de reagir melhor ao espaço que me cerca”.
Texto: Camila Veiga/Especial
Imagens: Freepik e Eva Schul/Reprodução
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